O que é a Ansiedade

Não há quase ninguém que não ande preocupado, de vez em quando: é a nossa reacção a  situações de ameaça. Há várias teorias que pretendem explicar a origem da ansiedade: a psiquiatria explica-a devido a alterações químicas no cérebro, que provocam os sentimentos de medo e de pânico, aconselhando a droga certa para tratar este problema. Muitas pessoas estão mesmo convencidas que a ansiedade é uma questão médica. A teoria psicanalítica acredita que a ansiedade teve a sua origem em experiências infantis reprimidas e não resolvidas. No entanto, a psicologia cognitiva explica a ansiedade principalmente pelos padrões e regras que utiliza para interpretar a realidade. As perturbações de ansiedade são muito vulgares, afectando uma parte considerável da população.

Causas da Ansiedade

Os factores que levam à ansiedade são vários:

  • Estar exposto a eventos stressantes, como ambientes negativos, tensos, o desemprego, doenças, exigências do meio ambiente
  • Interpretar os acontecimentos de forma distorcida ou excessiva
  • Ter hábitos e regras mentais que aumentam a ansiedade. Por exemplo, desejar controlar tudo, estar demasiado atento a perigos ou exagerar as consequências do que observa (ex: acreditar que um batimento cardíaco forte leva à morte)
  • Ruminar mentalmente, repetir muitas vezes os mesmos pensamentos ou previsões negativas
  • Falta de apoio e suporte social, falta de amigos
  • Predisposição genética e familiar

A importância do pensamento na ansiedade

A ansiedade tem a origem nos nossos pensamentos: interpretamos os acontecimentos e as situações, aos quais damos significados que nos fazem sentir nervosos e preocupados. Por exemplo, se perder o emprego e pensar que é uma catástrofe, vai gerar ansiedade. Mas se pensar que é uma oportunidade para encontrar um trabalho melhor e iniciar uma busca diária por novas oportunidades, vai-se sentir mais esperançado e até optimista.

Contudo, a ansiedade é positiva, até um certo grau, porque nos permite preparar e ultrapassar alguma situações difíceis. Por exemplo, o atleta que aguarda o sinal de partida numa corrida fica mais atento para o início da prova. Quando experienciamos ansiedade, é difícil especificar aquilo que a provoca: ela é uma resposta a um perigo vago, distante ou mesmo irreconhecível. Todavia, a ansiedade afecta todo o organismo: é uma reacção fisiológica, comportamental, emocional  e psicológica.

Sintomas de Ansiedade

A um nível fisiológico, os sintomas podem ser os batimentos acelerados do coração, tensão muscular, transpirar nas palmas da mãos e pés, respiração rápida e boca seca. Também podem surgir dores de cabeça, aperto no peito, alterações respiratórias, dores nas costas,  sensação de cansaço, problemas de sono e incapacidade de descontracção. Também são frequentes os tremores, sudação, rubor, palidez, diarreia e dores abdominais. A um nível comportamental, a ansiedade pode prejudicar e afectar bastante o nosso comportamento. Os sintomas podem ser evitar situações como andar de avião ou viajar para longe, evitar túneis ou elevadores ou ter “uma branca” numa apresentação. Quando o nosso corpo é sujeito a ameaças ou perigos, dão-se um conjunto de respostas fisiológicas. A seguir vamos analisar os efeitos no sistema nervoso.

Ansiedade e o sistema nervoso

Os agentes stressores podem provocar então uma activação do sistema nervoso simpático e do eixo hipotalâmico- pituitário- adrenocortical (HPA), que é um circuito que liga o corpo ao cérebro. Como resultado deste processo, há a libertação de algumas hormonas, que provocam as sensações físicas típicas da ansiedade (batimento cardíaco acelerado, formigueiro, suor, tonturas, etc). Os agentes stressores psicológicos (ex: falar em público, desemprego, dificuldades num relacionamento…) relacionam-se com níveis altos de glicocorticóides, epinefrina e de norepinefrina, e que consequentemente, estão ligados a muitos transtornos físicos (Salovey e cols, 2000).

Ativação prolongada

Assim, a ativação prolongada destes sistemas (ou stress crónico) aumenta a probabilidade de desenvolvimento de algumas doenças (úlceras gástricas, enfarte do miocárdio, desordens mentruais, infecções virais, artrite, cancro, depressão) (Dougall, 2001). Muitos estudos também relacionam os efeitos do stress crónico sobre o sistema imunológico. Ou seja, o stress também aumenta a susceptibilidade a infecções, devido aos seus efeitos sobre os sistemas córtex supra-renal- adeno- hipófise e simpático da medula adrenal. Portanto, é importante para a saúde fazer uma boa gestão da ansiedade!

Sintomas psicológicos

Este sintoma é um estado subjectivo de apreensão, medo ou preocupação, que em casos extremos pode levar a pensamentos como “medo de morrer” ou “medo de enlouquecer”. Os sintomas psicológicos são constituídos por sentimentos de medo, de que algo de mau está para acontecer a si próprio e/ou familiares e amigos, medo de perder o autocontrole, dificuldade de concentração ou ter uma preocupação constante. Também pode ser o medo de ter uma doença desconhecida, impressão de não se reconhecer a si próprio, impressão de se sentir estranho numa ambiente familiar, etc. Não havendo muitas hipóteses de relaxar, isto pode conduzir a perturbações do sono. Um dos distúrbios de ansiedade mais frequentes é a ansiedade generalizada, sendo um sintoma básico de vários transtornos de ansiedade…

Quando a ansiedade e stresse são prejudiciais

Existem muitas situações do quotidiano em que é razoável e indicado agir com alguma ansiedade. Se não sentir nenhuma ansiedade em resposta a desafios que envolvam uma potencial perda ou perigo (“ex: atravessar uma rua movimentada”), poderá haver outro transtorno, como a depressão.

Contudo,o problema surge quando a ansiedade é excessiva (devido à sua intensidade, frequência e duração no tempo) ,acabando por bloquear o raciocínio e o desempenho nas situações e perturbar as actividades quotidianas. Neste caso, pode provocar sofrimento, um pior desempenho das actividades diárias (“algo horrível vai acontecer”, “não me consigo concentrar”) e prejudicar o sono e as relações pessoais.

Ansiedade normal e patológica

Assim, um acto relativamente inofensivo como entrar para um elevador ou estar perto duma varanda num andar elevado pode ser vivido com muita intensidade e sofrimento para quem experimenta um transtorno de ansiedade porque avalia a situação com uma elevada probabilidade de ocorrência de um acontecimento negativo ou mesmo catastrófico.

Ou seja, o medo pode ser uma reacção adaptativa do organismo quando nos prepara para um perigo real (por exemplo, se virmos um urso a caminhar na nossa direcção, o coração começa a bater mais rapidamente, bombeando mais sangue,  para melhor podermos fugir dessa situação) e desta forma protegemo-nos dos perigos reais. Contudo, na ansiedade patológica há uma avaliação exagerada de um perigo em situações relativamente inofensivas: um simples encontro social vai ser interpretado pelo fóbico social como uma situação humilhante, embaraçosa e vivida com muita ansiedade e apreensão.

Transtornos de Ansiedade:

A ansiedade pode assumir múltiplas formas, desde o medo por falar em público, de andar de elevador ou por entrar num avião. Outras vezes, a ansiedade pode vir repentinamente, num ataque agudo e com sintomas físicos como falta de ar, ondas de calor e dores no peito, constituindo um ataque de pânico. A ansiedade pode ser sentida em graus muito variados, desde um ligeiro desconforto até ao terror intenso de um ataque de pânico, mas sempre com a sensação que algo de mau vai acontecer, mesmo não havendo um perigo real.

Diversidade de sintomas na ansiedade

Como existem tantos sintomas diferentes relacionados com a ansiedade, ela faz parte de um conjunto de perturbações relacionadas, como os ataques de pânico, o transtorno de ansiedade generalizada, as fobias, a perturbação obsessivo- compulsiva e o Stresse pós- traumático. Cada um destes problemas tem um conjunto específico de sintomas, mas também há sintomas comuns entre eles, nomeadamente um medo intenso, de que algo negativo pode vir a acontecer. De seguida vamos analisar os diferentes sintomas para cada tipo de ansiedade.

– Preocupações Crónicas/ Ansiedade Generalizada

Este é o tipo de ansiedade mais comum. É uma tendência para se preocupar continuamente com um monte de coisas. Os pensamentos  voltam-se para a imaginação de todas as possíveis consequências negativas e de maneiras de impedi‑las. Existência de ansiedade e preocupação excessivas, mas desproporcional à hipotese de ocorrência da situação temida, na maior parte dos dias, durante um mínimo de 6 meses. O transtorno muitas vezes é acompanhado por sintomas físicos de stresse: insónia, tensão muscular, problemas gastrintestinais, etc. Cerca de 9% das pessoas têm esse transtorno. Preocupar-se constantemente sobre a sua saúde, família, trabalho, carreira, finanças, etc. Há uma vaga ideia de que algo de mau está para acontecer, mas não sabe o quê. Dificuldade em controlar a preocupação.

– Medos e Fobias: 

É o medo de um estímulo ou situação específica: aviões, elevadores, água, certos animais, etc. A crença subjacente é a de que a coisa é de fato perigosa em si mesma (o avião pode cair, o cão pode morder). Cerca de 12% das pessoas têm fobia específica, embora um número muito maior possa ter medos determinados em torno de um ou mais estímulos. Exemplos:medo da interacção social, medo de estranhos, medo de lugares altos, de elevadores, sangue, de conduzir, de aranhas, de voar, de cães, de trovoada ou mesmo de ficar fechado em lugares fechados.

– Transtorno de ansiedade social (TAS) ou Fobia social

Medo de ser julgado pelos outros, especialmente nas situações sociais. Essas situações incluem apresentações, festas, encontros, comer em locais públicos, usar WC públicos ou simplesmente encontrar novas pessoas. Os sintomas incluem tensão extrema ou “paralisia”, preocupação obsessiva com interações sociais e uma tendência ao isolamento e à solidão. O transtorno é frequentemente acompanhado pelo uso de drogas e álcool. Cerca de 14% das pessoas têm esse transtorno, de alguma forma.

– Transtorno de Pânico

É o medo das próprias reações fisiológicas e psicológicas a um estímulo – medo de um ataque de pânico. Quaisquer sensações, como respiração rápida ou batimentos cardíacos acelerados, vertigens, suores ou tremores são vistos como sinais de descontrolo, insanidade ou morte. A evitação que acompanha as situações que podem acionar essas reações é conhecida como agorafobia, e com frequência limita de maneira grave a mobilidade. Sentir um ataque repentino, súbito, que parece vir do nada, no qual o coração começa a bater depressa, o corpo treme, sente que não consegue respirar, o peito aperta e onde podem aparecer tonturas ou vertigens. Podem aparecer pensamentos como ” Eu devo ter um ataque cardíaco, será que vou viver ou morrer?”, “ acho que vou morrer sufocado”, ” e se eu perder o controle?”, “acho que vou enlouquecer”, Ver a página sobre transtorno de pânico

Agorafobia:

Primeiramente é ficar ansioso por ficar longe de casa porque acredita que algo de mau pode vir a acontecer- como um ataque de pânico- e não vai haver ninguém que o possa ajudar. Também é sentir medo em lugares abertos, pontes, túneis, em lojas apinhadas de pessoas ou andar de metro ou transportes públicos. Ou seja, há um medo em relação a lugares ou situações dos quais seja difícil escapar ou sair.

Ansiedade de Desempenho:

Quando há uma preocupação excessiva em relação ao desempenho de uma tarefa: sentir a cabeça em branco quando tem de fazer um teste, realizar uma actividade em frente a outras pessoas ou mesmo competir num evento desportivo.

Medo de falar em público:

Desde já, é sentir ansiedade sempre que tem de falar em frente de um grupo de pessoas. Nesta situação podem aparecer pensamentos do género “Vou começar a tremer e as pessoas vão perceber como eu estou nervoso” ou ” Vou-me esquecer do que tenho para dizer”, “Vou ter uma branca e vou fazer uma figura ridícula”, ” Todas as pessoas vão olhar para mim e perceber como sou neurótico”…

Transtorno do Stresse Pós- Traumático:

Neste transtorno, é inundado por memórias ou imagens mentais de um acontecimento terrível que aconteceu há meses ou anos.

Obsessões e Compulsões:  

Ter pensamentos recorrentes ou imagens (obsessões) que considera stressantes – por exemplo, pensar que está sendo contaminado , a perder o controle, cometendo um erro ou se comportando de maneira inadequada. Há uma necessidade urgente de realizar certas ações (compulsões) que neutralizarão essas imagens: lavar‑se, realizar rituais arbitrários, fazer verificações constantes, etc. O transtorno, em geral, leva à depressão e afeta cerca de 3% da população. É inundado por pensamentos obsessivos que não consegue evitar ou tirar da cabeça, e impulsos (que não consegue evitar) para fazer rituais, que supostamente controlam os medos. Por exemplo, pode ser consumido pelo medo de germes e tem um impulso irresistível para lavar as mãos continuamente (comportamento compulsivo), ao longo do tempo.  Ver também transtorno obsessivo – compulsivo

Preocupações em relação ao aspecto físico (Transtorno Dismórfico Corporal):

Nesta situação, é consumido pela sensação de que há algo de errado ou anormal com o corpo ou com qualquer aspecto da imagem corporal ou da face, mesmo quando os amigos e familares dizem que está tudo óptimo. Por exemplo, pode haver uma preocupação com o nariz  porque se acha que é grande ou deformado ou que o corpo nunca está suficientemente musculado, apesar de anos de ginásio e de as outras pessoas o verem como bastante musculado. Esta preocupação causa sofrimento e o indivíduo pode recear actividades sociais ou evitá-las, com medo de o corpo ser exposto ou para manter a sua dieta ou exercícios. Frequentemente, há uma inibição social e muito tempo e dinheiro é gasto em cremes de beleza, suplementos alimentares e mesmo em frente a espelhos, tentando corrigir um hipotético defeito, pois há uma excessiva valorização do corpo e de que ele não satisfaz as expectativas.

Vigorexia ou  Síndrome de Adónis :

Quando existe um preocupação excessiva com a musculatura, o corpo e o exercício físico. Asssim, existe uma distorção do esquema corporal porque, por mais exercício físico que façam e mesmo tendo um corpo muito grande e musculado, estas pessoas vêem-se como fracas e débeis. Esta obsessão com o corpo pode levar a dietas muito ricas em proteínas e a despender largas horas no ginásio e até ao consumo de esteróides e outras substâncias proibidas. Este transtorno provoca sofrimento, gerando ansiedade, depressão, fobias e comportamentos compulsivos (ex: olhar muitas vezes no espelho). Existe uma relação entre introversão, dificuldades de relacionamento interpessoal, timidez e mesmo fobia social, com este transtorno. Ao mesmo tempo, pode haver uma grande necessidade de aprovação social, mas sentindo insatisfação e complexos com o próprio corpo.

Vigorexia

Da mesma forma que existe uma distorção do esquema corporal com a anorexia, em que o indivíduo nunca se vê suficientemente magro (ainda que na realidade excessivamente magro), na vigorexia o indivíduo vê-se como fraco, apesar de ser muito musculoso. Muitas vezes, a única forma de quebrar este ciclo é através da terapia cognitivo- comportamental que realizamos, e pretende, entre outros aspectos,  modificar os esquemas distorcidos, melhorar a auto-estima e reduzir os comportamantos obsessivo- compulsivos.

Tratamento- A Terapia Cognitiva- Comportamental para a Ansiedade

O que pode ser feito para tratar os transtornos de ansiedade? Infelizmente, muitas pessoas presumem que a resposta é “pouco” ou “nada”. Elas acreditam que seu transtorno é a expressão de alguma falha fundamental em seu caráter, ou viveram tanto tempo com o problema que se acostumaram a ele. Ou, ainda, tentaram certos tipos de terapia (normalmente do tipo que tenta livrá‑lo de suas “questões” pessoais mais profundas) e constataram que elas eram ineficazes. Ou – e isto é, pelo menos, parte do problema – o pensamento de enfrentar a ansiedade já é em si muito assustador. Estudos têm demonstrado que cerca de 70% das pessoas que sofrem de ansiedade não fazem tratamento ou recebem um tratamento inadequado. Como resultado, muitas delas tendem a ter problemas constantes durante anos, senão durante a vida inteira.

A ansiedade é muito tratável

Esses problemas podem se tornar sensivelmente debilitantes, levando ao alcoolismo ou ao abuso de drogas, à depressão e à incapacidade funcional. Se não tratado, um transtorno de ansiedade pode ser uma das mais devastadoras condições de que um indivíduo pode sofrer. Isso é realmente uma infelicidade, porque as indicações são as de que a ansiedade é agora altamente tratável. Formas mais novas de terapia cognitivo comportamental provaram ser eficazes no tratamento de transtornos de ansiedade maior. Esses tratamentos não fazem uso de medicação. Os pacientes com frequência demonstram uma melhora significativa já no começo ou com 10 a 20 consultas; muitos deles conseguem manter seu transtorno sob controle depois de alguns meses ou, até mesmo, semanas, de tratamento. A maior parte é capaz de manter a melhora indefinidamente por meio de uma maior conscientização e prática da capacidade de ajudar a si mesmo.

Como funciona um processo de Psicoterapia Cognitiva

Nos últimos anos foram desenvolvidas novas técnicas e procedimentos no tratamento psicológico de vários transtornos de ansiedade, cuja eficácia vem sendo confirmada. Assim, seguindo as técnicas mais recentes e eficazes, a nossa terapia psicológica para tratamento da ansiedade generalizada incide sobre os seguintes aspectos:

  • Avaliação do seu perfil de preocupação, através de questionários para avaliar como lida com as preocupações, os domínios de preocupação, grau de tolerância à incerteza e crenças pessoais.
  • Compreender como está a reagir e a comportar em função dos acontecimentos e dos estímulos do mundo. Ao tornar claro o ciclo vicioso entre situações, pensamentos automáticos, emoções e comportamentos, o cliente pode perceber como certos padrões de pensamento podem estar a contribuir para este ciclo. Por exemplo, muitas pessoas com ansiedade crónica costumam pensar em termos de “preciso de ter o controlo das coisas a todo o tempo; preciso de tudo para agora; é importante ter a aprovaçao de toda a gente, “é difícil relaxar, ficar calmo até me põe nervoso”, etc.
  • Refutar, mudar, restruturar padrões de pensamento e construir formas de pensar mais eficazes, produtivas e satisfatórias: identificar erros de pensamento, aceitar a realidade, suspender os julgamentos inúteis sobre os acontecimentos, treinar a tolerância à incerteza, aprender um imperfecionismo eficaz, etc
  • Modificar padrões de pensamento ligados a um estilo de personalidade.
  • Aplicar formas de preocupação produtiva e desaprender formas de preocupação improdutivas

Outras técnicas importantes para ultrapassar a ansiedade:

  • Aprender técnicas de gestão de tempo
  • Dominar técnicas de relaxamento, como a visualização, respiração abdominal, mindfulness e meditação.
  • Praticar técnicas de assertividade e de afirmação pessoal. Com frequência, uma parte de ansiedade relaciona-se com padrões de interacção pessoal pouco assertivos (ter uma atitude passiva ou agressiva).

Como parte do tratamento cognitivo do TAG, o cliente deverá compreender que são as interpretações que faz das situações e não devido às situações em si, que fazem sentir um conjunto de sentimentos negativos. Uma parte do tratamento passa pelo desafio que o cliente colocará aos pensamentos e predições “catastróficos” em relação a uma série de situações. Em média, são necessárias 10 a 20 consultas para obter resultados consistentes. Relembre-se que a programação de ansiedade foi feita durante meses e anos….

Para os outros tipos de ansiedade específicas (fobias, obsessões, pânico) e para a ansiedade social, são aplicadas técnicas mais específicas.

Medicamentos

Os medicamentos (ansiolíticos) apenas proporcionam um alívio temporário dos sintomas de ansiedade, mas não tratam as causas da ansiedade, para além de muitos destes medicamentos poderem provocar habituação. Na maior parte dos casos, o tratamento dos problemas psicológicos mais profundos que estão na origem da ansiedade são tratados com maior eficácia através de psicoterapia. Segundo Barlow (1988), “os tratamentos farmacológicos, apesar de frequentemente testados, são surpreendentemente impotentes”. Mas as pessoas que tem melhorias através de ansiolíticos acreditam que o seu problema foi ultrapassado, quando isto muitas vezes é uma ilusão provocada pela melhoria temporária; quando a toma dos medicamentos é interrompida os sintomas podem reaparecer (os ansiolíticos são a classe de medicamentos mais vendida em Portugal).

Desvantagens dos medicamentos

Por vezes, esta cura aparente pode desmotivar algumas pessoas a iniciarem um processo de psicoterapia, o que proporcionaria uma compreensão de si próprio e do processo psicológico que desencadeia a ansiedade. Certamente que em Portugal existe um número excessivo de pessoas a tomar psicofármacos e por períodos de tempo demasiado longos, quando muitas das vezes as terapias psicológicas teriam efeitos mais eficazes, duradouros e sem efeitos secundários ou de habituação, como acontece frequentemente com os medicamentos.

Outro grande inconveniente destes medicamentos é que as pessoas podem pensar que os medos que possuem são realmente perigosos e devem ser evitados, o que faz com que não aprendam a lidar com o medo de uma forma realista e adaptativa. Podem continuar a evitar as situações/ estímulos que provocam o medo, perpetuando-o. Por outro lado, isto é exactamente o oposto que se pretende com a terapia cognitivo- comportamental!

Terapia Psicológica Versus Medicação

Na grande maioria dos casos, a ansiedade e a depressão podem ser tratados com sucesso sem o recurso a medicamentos. Existe um número cada vez maior de estudos científicos que demostram que a terapia psicológica cognitivo- comportamental pode ser tão ou mais eficaz que os medicamentos.

A partir dos resultados de muitos estudos clínicos, vários autores (DeRubeis et al, 2005; Watanabe et al, 2007;  Westra and Stewart, 1998, etc) concluem que a terapia psicológica é muito eficaz para a ansiedade, a médio e longo prazo. Pelo contrário, as benzodiazepinas (Xanax, Valium, etc) dão um alívio, mas durante um curto período de tempo e tendem a perder a sua eficácia ao longo do tempo. 

O ciclo vicioso dos medicamentos

À medida que estas drogas vão deixando o organismo (algumas horas depois de as deixar de tomar), é muito frequente que se volte a sentir nervoso (a). Se tomar estas drogas durante várias semanas, pode experimentar efeitos secundários quando as tentar largar. Os sintomas mais comuns que pode sentir quando larga estes medicamentos são: ansiedade, nervosismo e sono alterado. Ou seja, podem aparecer os sintomas que o fizeram tomar as drogas. De seguida pode pensar que ainda precisa de tomar estes medicamentos e voltar a tomá-los. É deste forma que se desenvolve e mantém o padrão de dependência destas drogas.

Com a terapia psicológica, as pessoas descobrem que os seus medos não são realistas. As modificações na forma de enfrentar o medo não são conseguidas com medicamentos.

Como a terapia cognitiva funciona para o Pânico

Como exemplo prático, vamos ver algumas formas distorcidas de pensamento que aparecem no transtorno de pânico. Quando as pessoas estão ansiosas, tendem a ter pensamentos ansiosos e são estes pensamentos que ajudam a manter o transtorno. Por exemplo, “da próxima vez que tiver pânico, eu terei um ataque cardíaco”, ” se eu entrar em pânico, vou enlouquecer e magoar os outros; “Vou asfixiar e morrer”

Em suma, estes são alguns exemplos de pensamentos irracionais. É uma forma de pensar que exagera ou superestima o risco, pois isto é altamente improvável de acontecer.

Pensar o pânico de forma diferente

Apesar de tudo o que possa sentir e acreditar , o pânico é inofensivo para o organismo, apesar dos sintomas desagradáveis. É frequente as pessoas com transtorno de pânico realizarem exames médicos e verificarem que não possuem problemas cardíacos, mas mesmo assim acreditam que podem ter um ataque fatal. Neste caso, poderá colocar algumas questões a si próprio:

– O que penso é um facto ou uma hipótese?

– Tenho alguma prova de que isto vai acontecer ou penso isto devido ao meu medo?

– Quantas vezes tive este pensamento ansioso e quantas vezes é que ele ocorreu, na realidade?

Provavelmente irá chegar a ideias alternativas bastante diferentes, para estes e para centenas de outros pensamentos! Este é apenas um pequeno exemplo de um dos componentes da terapia psicológica do pânico. Além disso, poderá ver uma descrição mais completa na página sobre o pânico.

Preocupações

Da mesma forma, as pessoas que se preocupam constantemente possuem algumas crenças/ atitudes/ ideias que provocam e mantêm a ansiedade. Alguns exemplos de crenças sobre as preocupações que, com frequência, são encontradas em consulta :

– “Preocupar-me ajuda a resolver os problemas” .

É claro que a simples preocupação não modifica ou melhora nenhum problema. O problema é que esta ansiedade inútil pode paralisar a acção ou o pensamento necessários para lidar com os problemas.

– “O mundo é perigoso e não sou capaz de lidar com ele”

Os preocupados “crónicos” acreditam que o mundo está cheio de oportunidades de falhar, de rejeição e de perigos. Mas na realidade, em 79% das vezes, os preocupados lidam melhor com as situações do que o que estavam à espera. O pessimismo crónico faz as coisas parecerem muito pior do que aquilo que são.

– “Preocupar-me ajuda a dar-me uma ilusão de controlo sobre as coisas”

Há muitos aspectos da vida que simplesmente não controlamos, mas insistimos (irracionalmente) que devemos ou temos de possuir algum controle sobre a questão.

Conclusão

Portanto, um dos componentes da terapia relaciona-se com a mudança de crenças prejudiciais que mantêm as preocupações. Todavia, apenas mudar as ideias não chega; é necessário modificar alguns comportamentos e iniciar outros, aprender a gerir melhor o tempo e as emoções, identificar as áreas de preocupação, etc

Em suma, se considera ter vários sintomas de ansiedade, durante a maior parte do tempo, há mais de 6 meses e que estes estão a afectar a sua vida pessoal e profissional, marque a sua consulta.

Para mais informações ver também:

Para saber mais:

Bibliografia Consultada (básica):

– Clark, D.A., Beck, A.T. (2011). The Anxiety and Worry Workbook: The Cognitive Behavioral Solution. The Guilford Press: New York.

– Dougall, A.L. , & Baum, A. (2001). Stress, health, and illness. In A. Baum, T. A. Revenson, and J. E. Singer (Eds.), Handbook of Health Psychology (pp. 321-337). Mahwah, NJ: Lawrence Erlbaum.

– Knaus, W.J. (2014). The Cognitive Behavioral Workbook for Anxiety, Second Edition: A Step-By-Step Program. New Harbinger Publications: Oakland, California.

– Pinel , P. J. (2003). Biopsychology, Fifth Edition. Allyn and Bacon Publisher.

– Leahy, R. L. (2005) Worry Cure: Seven Steps to Stop Worry from Stopping You